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Posse na Cadeira Alberto Lamego do IHGN
Prêmio melhor Cyber artista 2011
POSSES
ACADEMIA NITEROIENSE DE BELAS ARTES
Instituto Histórico e Geográfico e Niterói
Doutor Honoris Causa
Medalha DEBRET
Discurso de Posse no IHGN
Os Lamego - Intelectuais Universais e o Universo do Rio de Janeiro
Prof Dr Heitor Luiz Murat
de Meirelles Quintella
Sumário
Nesta ocasião, apresenta-se uma reflexão breve sobre
a vida e a obra dos Lamego,
dimensionando sua importância para o Rio de Janeiro na divulgação
universal da riqueza e valor desta TERRA, sua Cultura e sua Gente. A obra dos
Lamego é também situada como
facilitadora, inspiradora e orientadora
dos caminhos trilhados pelo
empossado na literatura etiológica etnográfica de sociedades ágrafas e na
iconografia correspondente em que produziu extensa obra de artes digitais, bem como nas pesquisas de
campo sobre cultura organizacional nas empresas fluminenses. Aborda-se também a
ligação deste empossado no IHGN Instituto Histórico e Geográfico de Niterói com
a figura do antecessor Péricles Sodré. (discurso de posse na cadeira numero 05
patronímica de Alberto Frederico de Morais Lamego)
Alberto
Ribeiro Lamego (1896 – 1985)
Agradecimentos Não se pode deixar de registrar primeiramente o orgulho de
desfrutar do honroso momento de
ser empossado nesta prestigiosa instituição de Cultura e Ciência que tanto tem
contribuído para o desenvolvimento
da História e Geografia universais. Em particular, ressalta-se a
admiração geral que despertam
paladinos da Cultura que têm lutado incansavelmente, muito além da mera
dedicação profissional e estimulando este emposssado a assumir a cadeira Lamego.
Destacam-se personalidades niteroienses como Marcus Vinicius Varela, Edson de Luna Freire, Carlos Monaco e
muitos outros que ecoam as realizações desta valorosa e mui leal Niterói e de
sua gente. Figurativamente, já
previa Gabriel Soares a Grandeza desta terra :
É tamanha cousa o Rio de Janeiro da Bôca para dentro que nos obriga a
gastar o tempo em o declarar neste lugar, para que se veja como é capaz de se
fazer mais conta dêle do que se faz…” Gabriel
Soares: Trat. Descr. Do Brasil - 1587
Introdução: Poucas vezes se encontra um intelectual da
envergadura de Lamego Pai com uma obra tão relevante para a História e a Geografia regionais e que tenha conseguido projetar estes
saberes universalmente. Alberto Frederico de Morais Lamego (1870 – 1951)
natural de Itaboraí, desde cedo mostrou sua inquietude e sede de saber. Estudou
Direito em Recife e Ciências Jurídicas e Sociais em São Paulo. Radicado em
Campos dos Goytacazes desde 1893, lá constituiu família, montou banca de
advocacia, militou na imprensa e foi guindado a diversos cargos federais. De 1906 a 1920 sucessivamente
viveu na França, Bélgica e Portugal, tempo em que realizou impressionante
levantamento de documentos e obras raras sobre a História Fluminense, Carioca e
do Brasil em arquivos, leilões e
livrarias. Este grande acervo coletado
e organizado meticulosamente deu origem à sua Coleção Brasiliana. De volta ao Rio de Janeiro, no Solar
dos Oirizes, na planície Goytacá, escreveu também sua obra prima – Terra Goytacá. Só estas realizações já fariam
de Lamego Pai um destaque na Cultura Mundial. No entanto, teve ele o orgulho e
a felicidade de deixar um legado
ainda mais precioso que garantiu a continuidade de seu trabalho: seu próprio filho Alberto.
Alberto Ribeiro Lamego
(1896- 1985)– o Lamego Filho- foi um campista bem à frente de seu tempo. Com
uma educação impecável, culminando com estudos superiores na Royal School of
Mines e Licenciado em Ciências pela Universidade de Londres, contribuiu não
apenas com uma prolífica e valiosa produção intelectual, mas foi inclusive
capaz de prenunciar em 1944 no artigo A
bacia de Campos na geologia litorânea do petróleo, o potencial petrolífero da região com a
descoberta do Campo de Garoupa em 1974.
Só não previu o assalto que União e estados não produtores desencadearam
sobre Petróleo do Rio. Ele herda de seu pai uma característica fortíssima
de amor profundo pelo Rio de Janeiro o que mostra sua grandeza também como ser
humano sensível. Toma o cuidado até de iniciar seus livros com declarações
de personalidades históricas de
louvor e estima por este Grande Estado. Debuxa o colorido panorama deste Grande
Estado que é o coração da cultura lusófona nas
Américas , sede da economia criativa no país e principal motor produtivo com ênfase em suas cidades – matrizes: Rio de Janeiro (única
marca nacional universalmente
conhecida há quinhentos anos desde a obra de Américo Vespúcio,
ex-capital de vice Reino, de Reino Global, de Império e de República) e Niterói
(sua cidade irmã, também uma ex-capital e farol de cultura fluminense).
A obra de Lamego Filho e seus destaques: Além de uma bem sucedida, reconhecida e
diversificada carreira, Lamego – também poeta e músico - combina postos
executivos com atividade acadêmica de alto nível. A partir de uma experiência
profícua e olhar agudo, ele produz a partir dos fundamentos de sua expertise
geológica uma obra profunda e abrangente que aborda temas históricos,
culturais, antropológicos, econômicos e sociológicos sempre oferecendo ao
leitor uma agradável mas rigorosa visão descritiva, analítica e prospectiva.
Cobrindo mais de três décadas de trabalhos, sua obra se constitui de mais de 40
itens de alto valor até hoje citadas e valorizadas por pesquisadores,
jornalistas e leitores em geral. Destacam –se em sua obra os trabalhos O Homem
e a Guanabara e as Invasões Francesas no Rio de Janeiro. Na primeira, apresenta
um estudo de grande importância,
de descrição das riquíssimas culturas irmãs Carioca e Niteroiense e sua
contribuição para a formação do caráter de todo o Brasil e de influência sobre
as demais culturas lusófonas nos quatro cantos do mundo. Na segunda obra, além de uma interessantíssima,
rigorosa e detalhada descrição dos eventos da invasão, ele reabilita a imagem
do Governador Francisco de Castro Morais (que saiu de endeusamento após a
derrota de Duclerc para acusação
de traição pela capitulação da cidade diante de Duguay- Trouin em 1711). Sua
pesquisa nos Arquivos de Marinha e Ultramar, hoje Arquivo Colonial, cobrindo
documentos oficiais e correspondências particulares, com método e
espírito detetivesco, transcreve e
analisa os fatos históricos da época e resgata a verdade da inocência do Governador Castro Morais, comprovando
a restituição de seu posto, indenizações pelos vencimentos atrasados e
recompensa por danos diversos. Lição que o governo atual poderia aprender
especialmente com relação aos professores que vão sendo sangrados
sistematicamente por políticas suicidas
de abandono da Educação em Ciência.
A ligação da cadeira com os trabalhos
dos ocupantes A sensação de irmandade
entre este modesto empossado e o ilustre patrono da cadeira do IHGN é imensa
pelo amor pela Terra Fluminense, pelo interesse em Análise Prospectiva, e pelo
interesse em História da Cultura Fluminense em particular pela cultura
organizacional, pelas artes iconográficas e literárias das sociedades ágrafas
dos povos que aqui viveram vindos de vários pagos mundo afora. Por outro lado,
ainda pela sensação de cumplicidade como confrade acadêmico em que a Verdade é sempre buscada sem
preconceitos, sem paixões mas com curiosidade eterna e infinita. E por fim,
pela tentativa de levar ao mundo profissional e oficial o conhecimento e o método das Ciências.
Quanto ao antecessor Sodré, mantém o empossado as afinidades de atividades
executivas e pinturas com referências históricas e inúmeros amigos comuns, como
se verá em seguida. Péricles de Mello da
Rocha Sodré morreu de infarto do miocárdio, em 16/04/ 2011. Foi pintor e
executivo de estaleiros. Era filho do também pintor Diógenes Sodré. Mineiro de
BH, onde nasceu em 1936, começou a pintar aos 10 anos, com Ary Duarte, Aluisio
Vale, o pai (Diógenes Sodré) e Tolentino.
Péricles
Sodré (1936 – 2011)
Viveu
em Niterói, Angra e nos últimos tempos em Araruama, com a filha Valéria. Destacou-se, como a
maioria dos pintores de Niterói, em pintar marinhas. Sua contribuição maior para a História de Niterói e do Rio
de Janeiro foi documentar portos e
atracadouros da Guanabara em imagens vivas e ricas por meio de painéis
históricos. Foi executivo da Verolme em Angra. Lá trabalhou com um primo do
empossado, Clive Pullen Freire, ex-executivo da Shell, que era um dos sócios de
Peter Landsberg - Presidente da Verolme (vizinho deste empossado na Rua
Piratininga na Gávea) . Uma de suas obras primas documenta um estaleiro raro em Ponta D’
Areia especializado em barcos de Madeira.
E outra ilustra o antigo
cais da Cantareira em Niterói.
Sodré era marinhista profissional tendo largado tudo para se
dedicar à pintura. Alguns de seus painéis adquiridos pelo Banespa foram
avaliados pela crítica especializada entre U$SD30,000 e U$SD100,000.00.
Participou de diversos movimentos de arte como os da Parthenon e Moldarte entre
outros. Lecionou em cursos livres do Paumar Centro de Artes no Leme na Cidade do Rio de Janeiro, como
titular de Desenho
(no Atelier e ao ar livre) de figura humana, retratos, bem como pintura a óleo – acrílica, explorando
diversos estilos como Realismo, Barroco, Neo - Realismo, Impressionismo, Expressionismo, Abstracionismo, realizando com seus
discípulos inúmeras visitas a Museus,
Galerias e Exposições. Jogava vôlei de praia recreativo onde se destacava por sua
grande estatura e companheirismo. Há relatos também de sua capacidade gastronômica e de mestre
cuca, tendo criado um famoso angu diet,
feito com miúdos de frango e o “nem
burro agüenta”, um prato,
assim descrito por PAULO FREITAS
jornalista fluminense e amigo do ilustre confrade, “ ...feito com canjiquinha amarela cozinhada por três horas para não
dar azia. Além da canjiquinha, que forrava o fundo do prato, tinha carne-seca
picadinha, chicória e torresmo. Dá um suador, uma moleza… de fato, nem burro
agüenta .
Conclusão Em tudo e por tudo este é um momento de glorificação
da cultura do Rio de Janeiro e de
Niterói, bem como de celebração da
perenidade do trabalho e da mente
de um grande cidadão fluminense e sobretudo representa um renascimento e um compromisso conjunto pessoal
e institucional de
preservação da memória e expansão dos interesses dos Lamego, da continuidade de uma
nobre linha sucessória intelectual na cátedra patronímica 05 que se inicia com
Sodré e também deste Instituto por intermédio das pesquisas e escritos de seu
herdeiro intelectual que hoje é empossado. Para que não haja um dia em que não
nos lembremos, não preservemos e não amemos a nossa grande terra, a nossa rica
cultura e a nossa boa gente. Para que haja uma política mais limpa que respeite
os direitos dos fluminenses sobre o petróleo do Rio e sua liberdade. Para que
sejam perenizados os valores da Ciência e da Liberdade em nossa terra às
margens desta maravilhosa Guanabara da qual se fala:
1572 Esta é a
mais fértil e viçosa terra (Gandavo)
1585 É a mais
airosa e amena baía ( Anchieta)
1766 Nada é
mais rico que o cenário destas paisagens ( Bougainville)
1773 Esta
terra é um paraíso terrestre (Parny)
1816 Quem seria
capaz de descrever as belezas que
apresenta a baía do Rio de Janeiro, este porto … que poderia conter todos os
navios da Europa? ( Saint – Hilaire)
1832 Vistas
esplêndidas que são tão comuns em
toda parte no Rio de Janeiro ( Darwin)
1941 Não há
cidade mais bela no mundo (Stefan Zweig)
Assim, com esta declaração de amor, se encerra esta
pequena alocução com os agradecimentos finais pela atenção e paciência da platéia e dos leitores.
Prof Dr Heitor Luiz Murat de Meirelles Quintella
Com uma obra
desenvolvida ao longo de mais de 40 anos, o professor Heitor Luiz Murat de
Meirelles Quintella, carioca nascido em 1945, tem trabalhos que cobrem diversos
campos de História, entre os quais se destacam História e Filosofia da Ciência
e Tecnologia, História da Cultura Organizacional Fluminense e História do
Comportamento de Consumo Carioca. Sua atividade engloba ainda o uso pioneiro de
Arte Digital em Estudos de História, Iconografia e Contos de sociedades ágrafas
brasileiras e das Américas. Físico com Mestrado em Informática pela PUC RIO, obteve um Master of Science (reconhecido no
Brasil na área de Engenharia de Produção) na University of Newcastle Upon Tyne
onde fez extensa pesquisa conduzindo a seu Doutorado em Sistemas e Computação na UFRJ, pos-doutorando-se em
psicologia de organizações informatizadas em programa IBM – USP. Foi pesquisador na PUC Rio, IBM e UFF,
publicou mais de 250 artigos e 30 livros, em diversos campos do conhecimento.
Colaborou em mais de 300 matérias na mídia, sendo laureado com mais de 50 premios nacionais e internacionais. Executivo de
consultoria, dirigiu firmas internacionais de serviços e indústrias nacionais de telemática e serviu em
cargos técnicos, em órgãos da Presidência da República, no Rio e em
Brasília. Atua hoje como Perito,
árbitro e mediador em Ciências Forenses e Coaching. Palestrante dos mais
requisitados, apresenta seminários empresariais no continente americano,
atendendo a mais de cem clientes
ativos de prestígio. Autor, roteirista e apresentador de vídeos tem diversos
produtos de sucesso no mercado executivo. Sua obra em arte digital, iniciada em
1964, é aplicada à literatura, dramaturgia e pintura, sendo reconhecida
internacionalmente por seu pioneirismo, encontrando-se em diversas coleções
particulares no Brasil, Argentina, Uruguai, Itália, Inglaterra, EUA e em
galerias e lojas de decoração do pais. Seu trabalho iconográfico ilustra e ilumina seus estudos em
História das tradições orais nas
Américas. Destaca-se de sua
extensa obra seu best seller MORANDUBETÁ festejado internacionalmente tendo
sido convertido em peça de teatro e vídeo.
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